Já nem sei quantos filmes tive no ginásio mas acho que nenhum se compara ao de hoje. Vou tentar ser breve.
Ora bem, depois de correr 20 minutos bem esforçados, saí da minha passadeira para ir buscar o desinfetante que estava na ponta oposta, visto que agora depois de usarmos as máquinas devemos cuidar de eliminar o suor derramado nas superfícies. E muito bem.
Naturalmente que eu, sendo eu mesma, assim que virei a vista novamente para as passadeiras, de onde tinha acabado de vir, já não sabia qual era a minha.
Enquanto tentava resolver o enigma e perceber se me conseguia orientar entre as 10 passadeiras disponíveis, vi uma toalha gentilmente colocada em cima de uma, o que me fez concluir imediatamente que só podia ser aquela. Lá fui eu, de toalha enrolada no meu esguio pescoço (sim, eu tinha a toalha ao pescoço) e sem me aperceber de tamanha anormalidade, corri a colocar-me em cima da passadeira errada, agarrando na toalha alheia com uma mão, já preparada para desinfetar a máquina com a outra. Em pleno Covid, o dono deste objeto já nitidamente suado, detentor de uma cara de fuinha e óculos reveladores de um profundo astigmatismo, que efetivamente só tinha pousado o seu pertence numa passadeira desativada, deu-me uma sapatada, tirou a toalha da minha mão e disse “É minha!!” – Informação que li apenas através dos seus lábios visto que continuava a ouvir os meus Artic Monkeys Live bem alto.
Confrontada com o incidente, visivelmente confusa, eis que me desequilibrei, caí para o lado esquerdo e acabei a rebolar na pista de corrida do cegueta. O que é certo é que me “esbardalhei” como uma bonita donzela, sempre de desinfetante na mão e, após um pequeno rebolar de pernas, bati com a cabeça algures (não me perguntem como nem onde, por favor) e acabei por concluir a minha perfomance sentada no chão, toda molhada pelo desinfetante que, com o impacto, simplesmente se abriu todo em cima de mim.
Naturalmente que correram duas pessoas em meu auxílio e, lá ao longe, ouvi duas gargalhadas descontroladas (faria igual).
Em segundos pensei abandonar o circo em que me metera mas depois realizei que a vida para mim é isto mesmo. Respondi aos preocupados dizendo que estava per-fei-ta (como diz um amigo meu) e corri para o remo que fica bem longe, tudo para ficar mais resguardada.
Felizmente o alemão giro que por lá anda não viu nada e no acidente só entalei um dedo.
Também ficou lá metade da minha dignidade, obviamente.
Love,
D.