Diva e os arrumadores.

Amigas, tenho passado horrores com estes novos profissionais que, de forma simpática, chamamos de “arrumadores”. Eu acho que devíamos apelidá-los de “assustadores”. E não me venham com a conversa que eles são muito úteis. Aviso já que não vou aprovar comentários que lhes sejam favoráveis.

E querem perceber porquê?

Passam a vida aos gritos na rua, cravam os nossos últimos cigarros e deixam-nos sem trocos para a máquina de café, ainda por cima de manhã. Tudo porque conseguem chegar primeiro ao lugar que nós já vimos a 100 metros. É tipo um desafio. Não basta perceberes que há um spot para o teu bogas, tens que lá chegar, sair do carro, e dizer “coito!”. Falamos de uma brincadeira tipo a Apanhada, mas quem apanha somos nós se não deixarmos moeda. E, se realmente não o fizermos, é bom que tenhamos praticado muito sprint nas noites de verão a jogar ao Lencinho. Bons tempos…

Mas, adiante.

Ontem fui jantar a um restaurante chiquérrimo que aconselho vivamente. Trata-se de um buffet asiático/ hispânico/ tuga que nos permite degustar um fantástico pastel de bacalhau ao mesmo tempo que mergulhamos um niguiri numa maravilhosa soja de malte, que está a apurar há mais de 10 anos. E tudo isto por apenas 7,5 aéreos/ pax. Fica ali no Saldanha, entre o Mac e o Galeto. Só qualidade.

A verdade é que tive um jantar agradável e, já cá fora a fumar um cigarro, vi um casal de verdadeiros “assustadores” a “trabalhar”.

Ambos falavam a uma mesma voz, literalmente. Soavam exatamente ao smeogol, personagem fulcral daquela saga que nunca percebi muito bem. Parece que anda sempre tudo louco à procura de uns anéis e, pelo que ouvi dizer, nem Cartier são.

Este casal maravilha, certamente próximos figurantes especiais do Hobbit 15, discutiam bem alto entre si, e com o Mundo. Mesmo apavorada e incrédula com aquele sonoro nunca antes recebido no meu ouvido interno, continuei atenta ao discurso coeso:

– “Pah aquele BMW deu-me 20 cêntimos. Um gajo rico deu-me 20 cêntimos?? Mas como?!” – diz o Smeogol, versão masculina.

– “Olha, meu, aquele gajo do Opel Corsa deu-me 1Euro, pah! Até foi bacano!” – Diz Smeogol de saias.

– “Pobre ajuda pobre, minha. Se estivermos à espera dos ricos, nem a esse buffet manhoso vamos jantar hoje. – Concluiu o homem que me fez crer que devia ter mais cuidado com os sítios que frequento.

Como devem imaginar, vou colocar uma pedra sobre este assunto.

De preferência bem grande, como a deles.

Love,

D.

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